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Crista palpável na testa, pode ser craniossinostose?

Há uma condição chamada crista metópica e se ela não vier acompanhada de deformidade craniana, não requer maiores preocupações de pais e pediatras

agosto 18, 2020

O bebê apresenta nos primeiros anos de vida um pequeno volume na testa, o que conhecemos como crista palpável? Isso pode ser sinal de uma doença chamada craniossinostose. Uma condição caracterizada pela deformação na cabeça do bebê devido ao fechamento prematuro das suturas que separam os ossos que formam o crânio. A craniossinostose é corrigida cirurgicamente e se não for tratada pode deixar sequelas.

No entanto, nem sempre esse volume alto na testa do bebê é sinal de alerta. Existe uma condição chamada crista metópica, que se caracteriza exatamente por esse volume na testa, mas sem uma deformação aparente do crânio. Nesse caso, os pais não devem se preocupar, pois na maior parte das vezes não é craniossinostose.

Para ser craniossinostose, é preciso que o volume na testa venha acompanhado de um crânio com formato trigonal e uma redução da distância entre os olhos (denominada hipotelorismo). “O principal indicador de que não é craniossinostose é se essa protuberância não tiver um formato trigonal ou de triângulo. No entanto, é normal esse assunto gerar dúvidas entre os pediatras”, explica o neurocirurgião pediátrico, João Ricardo Penteado.  

A caixa craniana de um bebê é formada por placas ósseas e, entre elas, há linhas de sutura, que se mantêm abertas durante o crescimento cerebral. A sutura metópica, que separa os dois osso frontais no centro da testa, é a primeira a fechar – entre 3 e 9 meses de idade normalmente. As demais suturas podem permanecer sem uma fusão completa até a segunda ou terceira década de vida.  

A literatura médica indica que, nesse caso, deve-se adotar um tratamento conservador, já que não há deformação da cabeça. Frequentemente essa crista desaparece e a intervenção cirúrgica não é indicada nesses casos.

Quando se preocupar com a crista palpável?

De acordo com o neurocirurgião João Ricardo Penteado, a sinostose metópica só é motivo de preocupação quando o volume na testa tiver um formato trigonal, lembrando a proa (parte da frente) de um barco, o osso da sobrancelha (borda supra-orbital) é puxado para trás e a distância entre os olhos é diminuída. Visto de cima, é possível identificar facilmente o formato de triângulo na cabeça do bebê. Além disso, essa condição geralmente já está presente no nascimento. Nesse caso, é preciso procurar um especialista rapidamente.

Dr. João Ricardo Penteado

Neurocirurgião infantil do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e atende em seu consultório no Rio de Janeiro, no Hospital Caxias D’or e na Clínica Heads RJ (especializada em assimetrias cranianas).
Atende ainda a neurocirurgia infantil dos Hospitais Pró Criança Jutta Batista, Maternidade Perinatal Barra e Hospital Pró Cardíaco.

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