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Endoscopia: a melhor escolha na maior parte dos casos de hidrocefalia

Procedimento é seguro e amplamente utilizado no tratamento da hidrocefalia; taxa de complicações é considerada baixa

novembro 4, 2019

A endoscopia – chamada tecnicamente de terceiro ventriculostomia endoscópica – é o principal procedimento para tratar a chamada hidrocefalia obstrutiva. Ela consiste na introdução de um endoscópio numa cavidade do cérebro chamada terceiro ventrículo para a colocação de uma válvula. Esse dispositivo tem a função de drenar o excesso de líquido cefalorraquidiano dos ventrículos do cérebro para outra parte do corpo.

A instalação desses dispositivos é auxiliada por ferramentas como neuronavegação e ultrassonografia. As válvulas são feitas de silicone e plástico e todos os seus componentes são colocados sob a pele. 

Além de ser o tratamento indicado para a hidrocefalia obstrutiva, a endoscopia cerebral também é indicada para tumores da região pineal do cérebro associados a hidrocefalia, principalmente quando há suspeita de tumores germinativos – que afetam as células germinativas, aquelas que dão origem aos espermatozóides e óvulos. Além de ser indicado para hidrocefalia causada por tumores.

Qual exames fazer antes de partir para uma endoscopia?

É fundamental que se faça uma ressonância magnética nos casos onde a endoscopia cerebral é indicada. É preciso também avaliar outros aspectos do cérebro, tarefa que caberá ao especialista. Além disso, nem todos pacientes podem receber o procedimento. Por exemplo, se a criança tiver alguma infecção ou hemorragia, não é seguro fazer o procedimento.

Índice de complicações é considerado baixo

Embora seja o principal tratamento para a hidrocefalia, a instalação desse dispositivo não está livre de complicações. Estima-se que a ocorrência de problemas no procedimento ocorra em 10% dos casos. 

Ainda assim, o procedimento é bastante seguro. De um total  de 2.600 pacientes estudados foram registradas oito mortes relacionadas a esse procedimento – 0,29% dos casos. Sendo que seis foram no pós-operatório – após 25 meses – e duas após deterioração neurológica  cinco anos depois do procedimento.

Uma outra complicação possível é o sangramento, ocorrida em 3,9% dos casos estudados. Outras complicações relatadas são: hemiparesia (paralisia branda de uma parte do corpo), paralisia do olhar, distúrbios de memória, alteração de sensório, diabetes insipidus, ganho de peso, puberdade precoce, infartos talâmicos, hematomas subdural, epidural e intracerebral, infecções liquóricas, bradicardia e hipotensão arterial.

Quando não dá para fazer o procedimento

Existem algumas condições em que o procedimento não pode ser realizado. Por exemplo, se houver algum impedimento de acesso ao terceiro ventrículo decorrente do seu tamanho ou de alguma lesão. Além disso, se houver fluxo de líquor entre o terceiro ventrículo e uma área chamada cisterna interpeduncular, não deve-se realizar o procedimento.

Dr. João Ricardo Penteado

Neurocirurgião infantil do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e atende em seu consultório no Rio de Janeiro, no Hospital Caxias D’or e na Clínica Heads RJ (especializada em assimetrias cranianas).
Atende ainda a neurocirurgia infantil dos Hospitais Pró Criança Jutta Batista, Maternidade Perinatal Barra e Hospital Pró Cardíaco.

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