fevereiro 12, 2021
Neurocirurgia infantil: o que um hospital precisa ter
Hospitais de neurocirurgia infantil devem atender a uma série de requisitos para que os procedimentos sejam feitos com segurança
Uma intervenção cirúrgica sempre requer muitos cuidados, tanto na escolha da equipe médica quanto do hospital onde será realizado o procedimento. Em neurocirurgia infantil, não é diferente. São procedimentos de alta complexidade e que requerem uma estrutura específica para que tudo corra bem.
Para sanar as dúvidas dos pais e responsáveis, conversamos com o neurocirurgião infantil João Ricardo Penteado, que listou algumas das principais características que um hospital deve ter para a realização de uma neurocirurgia infantil:
Centro cirúrgico com estrutura completa
De acordo com o especialista, o centro cirúrgico da instituição hospitalar deve ter uma estrutura preparada para cirurgias complexas. O centro cirúrgico é um setor restrito da instituição hospitalar, composto por diversas áreas que buscam prover condições adequadas para a realização de procedimentos anestésicos e cirúrgicos. A área deve atender a todas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A área do bloco cirúrgico, local onde ocorre a cirurgia propriamente dita, deve atender a todos os requisitos de assepsia e antissepsia. Esse espaço conta com a mesa cirúrgica, mesas para colocação do material instrumental, equipamentos de anestesia e de respiração conectados à rede de gases, mesas de apoio para enfermagem e anestesia, foco de luz e outros equipamentos específicos.
Hospitais de neurocirurgia infantil têm de ter CTI
O Centro de Terapia Intensiva (CTI) é o setor do hospital voltado para o atendimento ininterrupto de pacientes em estado grave ou potencialmente grave. Por isso, conta com uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, além de estrutura física e equipamentos que dão suporte para esse atendimento especializado.
Em cirurgias mais complexas, a recuperação pós-anestésica pode ocorrer nessa instalação. O CTI deve ter uma estrutura completa e equipamentos específicos como monitores, bombas de infusão, entre outros. Além de médicos intensivistas, compõem a equipe de um CTI enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, farmacêuticos, técnicos de enfermagem, entre outros.
Microscópio e endoscópio essenciais em alguns procedimentos
Hospitais que realizam neurocirurgia infantil também devem ter, para alguns tipos de procedimento, microscópio cirúrgico e endoscópio.
Microscópios cirúrgicos são equipamentos de alta tecnologia e auxiliam o cirurgião principal e o médico assistente no procedimento. Eles permitem a obtenção de imagens ampliadas e de alta resolução, alta profundidade de campo e iluminação. Além disso, alguns microscópios cirúrgicos possuem sistema de fluorescência, recurso que em tempo real efetua uma vídeo angiografia digital intraoperatória da circulação do cérebro, o que é de grande utilidade em determinados tipos de cirurgias.
Já o endoscópio neurocirúrgico é um aparelho que permite que o neurocirurgião obtenha imagens de dentro das cavidades do cérebro, chamadas de ventrículos cerebrais. Através de uma pequena perfuração no crânio (trepanação), introduz-se o endoscópio de maneira segura e minimamente invasiva até chegar aos ventrículos cerebrais.
A imagem é transmitida por um sistema óptico para um monitor instalado na sala de cirurgia, através do qual o neurocirurgião se guia para realizar o procedimento. Diversos procedimentos neurocirúrgicos são feitos com o endoscópio: ressecção ou biópsia de tumores intraventriculares, retirada ou fenestração de cistos, tratamento de malformações congênitas, tratamento de neurocisticercose. No entanto, a cirurgia mais comum realizada através desta técnica é a terceiroventriculostomia para o tratamento da hidrocefalia.
“Em algumas cirurgias, o neurocirurgião não pode prescindir desses equipamentos, por isso é essencial que o hospital conte com eles. Além disso, eles garantem maior segurança para procedimentos que são realizados em regiões sensíveis do corpo humano”, comenta João Ricardo Penteado.