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Medula ancorada: como suspeitar apenas olhando para a pele do bebê

O disrafismo espinhal é uma malformação da coluna vertebral que pode ter diversas consequências para a criança

maio 30, 2022

O disrafismo espinhal – também conhecido como medula ancorada – é uma malformação da coluna vertebral que pode ser tanto oculta quanto aberta. No segundo caso, ela pode ser identificada a partir de alterações da pele (conhecidas como estigmas cutâneos) que são facilmente identificáveis em um exame clínico. Vão desde tufos de cabelos até estruturas semelhantes a uma cauda de um animal e podem ou não ocorrer de forma isolada. Veja os principais estigmas cutâneos que podem indicar medula ancorada.

Tufos de cabelo

Localizados no fim da coluna vertebral, um tufo de cabelo – ou hipertricose – têm aparência muito típica e são bastante sugestivos da existência da má formação.

“Dimples”

Os “Dimples” são pequenas fendas na pele localizadas bem ao centro da parte inferior das costas da criança (sobre a coluna vertebral). Elas só indicam a existência de medula ancorada se tiverem mais do que 5 mm de diâmetro e se estiverem a uma distância maior que 2cm do ânus. O Neurocirurgião infantil terá condições de avaliar.

Fenda glútea assimétrica

Trata-se de uma malformação em forma de Y, também referida como duplicada. Também está relacionada à presença do disrafismo espinhal. Por sua forma muito característica, essa é mais fácil de ser identificada.

Lipomas subcutâneos

Lipomas são caracterizados por um volume no formato de uma bola no fim da coluna vertebral. Geralmente ocorrem em combinação com outras massas, como hemangiomas/malformações vasculares e hipertricose. Estão intimamente associados à medula ancorada.

Hemangiomas e malformações capilares vasculares

São pequenas lesões vasculares bem visíveis na pele do bebê na região do fim da coluna vertebral que podem indicar a existência de medula ancorada. Geralmente ocorrem em combinação com outras massas, como lipoma subcutâneo ou hipertricose.

Caudas ou apêndices da pele

São pequenas caudas no fim da coluna do bebê, como se fossem pequenos rabos de animais. As caudas são essencialmente vestígios do cóccix primitivo que supostamente sofrem regressão. Já os apêndices cutâneos são pequenas marcas volumosas.

Confirmação do diagnóstico

Na presença de um dos sinais descritos acima, em especial em bebês recém nascidos, solicitamos uma ultrassonografia espinhal, que evidencia a comunicação da lesão de pele com estruturas do sistema nervoso.

Em seguida, faz-se uma ressonância magnética para confirmação do diagnóstico e planejamento da cirurgia.

Os “Dimples” são os estigmas cutâneos mais frequentemente associados ao disrafismo, e podem ou não estarem associadas a outras malformações. Em geral, quando há mais de um estigma, há maiores chances de haver o disrafismo espinhal.

Dr. João Ricardo Penteado

Neurocirurgião infantil do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e atende em seu consultório no Rio de Janeiro, no Hospital Caxias D’or e na Clínica Heads RJ (especializada em assimetrias cranianas).
Atende ainda a neurocirurgia infantil dos Hospitais Pró Criança Jutta Batista, Maternidade Perinatal Barra e Hospital Pró Cardíaco.

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