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Moleira muito pequena nem sempre é sinal de alerta

Especialista explica que muitos pediatras desconfiam de diagnóstico de craniossinostose após observarem uma moleira pequena para a idade

agosto 14, 2020

É muito comum que os pediatras, durante a palpação rotineira das fontanelas (conhecidas como moleiras), observem que estas moleiras estão menores do que o habitual para a idade. Essa moleira muito pequena leva a suspeita de craniossinostose, que é o fechamento prematuro do espaço entre os ossos do crânio da criança, chamado de sutura craniana.

No entanto, essa suspeita não se confirma na maior parte dos casos. A craniossinostose sempre gera uma deformidade crânio facial muito típica, explica o neurocirurgião pediátrico João Ricardo Penteado. “Quando o bebê tem craniossinostose há uma deformação que muda completamente a aparência da criança, de forma bem característica”, pontua o especialista.

O médico explica que o fato de os ossos do crânio do bebê já estarem bem fechados logo nos primeiros dias de vida não quer dizer que já estão completamente fundidos. “O normal é que as suturas se fechem aos poucos, mas a moleira pequena isoladamente não costuma se sinal de qualquer problema”, tranquiliza os pais.

O diagnóstico da craniossinostose normalmente é feito clinicamente pelo pediatra. Como há alterações de formato craniano muito características, normalmente nenhum exame é necessário para tal constatação. A tomografia computadorizada normalmente é solicitada para confirmação do diagnóstico e planejamento cirúrgico.

O que é moleira e quando saber se ela está normal?

A caixa craniana é formada por placas ósseas e, entre elas, há linhas de sutura, que se mantém abertas durante o crescimento cerebral. Quando há uma fusão prematura dos ossos em alguma linha de sutura, é gerada uma resistência local ao crescimento cerebral, além de ocorrer alterações típicas no formato crânio-facial. 

As moleiras, também chamadas de fontanelas do bebê são os espaços palpáveis entre esses ossos do crânio – uma anterior e outra posterior, ambas na linha média. As moleiras facilitam a passagem do bebê pelo canal vaginal na hora do parto. 

Para saber se a moleira do bebê está normal, basta observar o crânio por cima (vista do topo). Se não houver nenhuma deformação, é sinal que não há nada fora da normalidade. Também é importante observar se o crescimento craniano está de acordo com o esperado no gráfico do perímetro cefálico, presente na caderneta da criança do Ministério da Saúde (que o bebê ganha ao nascer). Esta moleira pequena pode ser reflexo de um baixo crescimento craniano e uma investigação pelo pediatra pode ser necessária. Durante o período em que o cérebro (e, consequentemente, o perímetro cefálico) cresce com mais velocidade, é comum que a moleira permaneça grande e, conforme a velocidade de crescimento diminui, a fontanela vai se fechando aos poucos. A fontanela posterior (chamada de lambdóide) costuma estar completamente fechada até o segundo mês de vida do recém-nascido, enquanto a anterior (chamada de bregmática) fecha entre o décimo primeiro e o décimo oitavo mês.

Dr. João Ricardo Penteado

Neurocirurgião infantil do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e atende em seu consultório no Rio de Janeiro, no Hospital Caxias D’or e na Clínica Heads RJ (especializada em assimetrias cranianas).
Atende ainda a neurocirurgia infantil dos Hospitais Pró Criança Jutta Batista, Maternidade Perinatal Barra e Hospital Pró Cardíaco.

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