dezembro 16, 2019
Correção fetal da hidrocefalia: vale a pena?
Avanço da medicina fetal reacendeu discussões em torno do tema, mas ainda não há consenso em relação aos benefícios desse procedimento

O avanço da medicina fetal tornou possível o tratamento da hidrocefalia ainda durante a gestação com perspectivas muito melhores do que no passado. No entanto, ainda há muita controvérsia em relação aos benefícios desse procedimento.
O diagnóstico da hidrocefalia fetal pode ser feito com ultrassom ou ressonância magnética fetal. Por isso, recomenda-se avaliar os ventrículos cerebrais do feto durante os exames pré-natais, entre a 18ª e 27ª semana de gestação. Em um estudo no Japão, identificou-se que 55% dos casos de hidrocefalia congênita eram pré-natais.
Assim, se os ventrículos estiverem dilatados,o diagnóstico é de ventriculomegalia, podendo ser de leve (átrio ventricular maior que 10 a 12 mm) a severa (> 15 mm). Nesse último caso, há um alto risco de morte ou sequelas neurológicas.
Prognóstico para hidrocefalia fetal é mais complexo do que se avalia
Embora os fetos que tenham ventriculomegalia severa tenham maior taxa de mortalidade, os que sobrevivem têm um prognóstico neurológico ruim em relação aos fetos com hidrocefalia leve ou moderada.
Além disso, existem outras malformações que podem estar associadas a hidrocefalia. Em pacientes com anomalias severas, infecção congênita ou anormalidades cromossomiais o prognóstico é habitualmente ruim.
Não se tem muita certeza se os exames de ultrassonografia e de ressonância magnética são capazes de identificar os pacientes que poderiam ser beneficiados por uma intervenção durante a gestação em casos específicos. Deste modo, em geral, enquanto for seguro, é preferencial aguardar ao máximo pelo parto. Há grandes estudos em curso sobre o tema, porém, hoje, ainda não há evidências que o tratamento intrauterino da hidrocefalia seja benéfico, pois, apesar de reduzir a mortalidade fetal, aumenta o risco de prematuridade agregando outras doenças, e não se mostrou eficaz em melhorar o prognóstico neurológico dos pacientes tratados.